sábado, 28 de novembro de 2009

Reciclagem no Brasil, um Novo Sinônimo de Pobreza


Escrito por Da Redação

Tribuna da Imprensa


A reutilização de materiais no Brasil está muito mais associada ao valor de mercado e aos altos níveis de pobreza e desemprego do que à educação e à conscientização ambiental.
Um país onde apenas 2% do lixo produzido são coletados de forma seletiva, curiosamente é também recordista mundial em reciclagem de latas de alumínio.
No ano passado, esta matéria-prima reaproveitada chegou a 89% do total consumido pelas indústrias, segundo pesquisa sobre Desenvolvimento Sustentável, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem..
Para o coordenador de Indicadores Ambientais do IBGE, Judicael Clevelário, o desempenho contrastante entre os dois indicadores, intimamente relacionados, é sinal de que a reutilização de materiais no Brasil está muito mais associada ao valor de mercado e aos altos níveis de pobreza e desemprego do que à educação e à conscientização ambiental.
Para que a atividade se desenvolva de forma sustentável, disse, é preciso aumentar a coleta seletiva.
"Entre 1993 e o ano passado, a proporção de latas de alumínio recolhidas subiu de 50% para 89% e isso tende a aumentar.
Mas precisamos tomar cuidado com esse dado, pois ele indica, na verdade, uma estrutura social perversa, que faz com que muita gente tenha de sobreviver catando lata no lixo", avalia.

PET

Também usadas pela indústria de refrigerantes, as embalagens de resina PET (polietileno tereftalato) têm valor, no mercado do reaproveitamento, cerca de seis vezes menor do que a sucata de alumínio e apresentam uma proporção de reciclagem bem inferior: 35% do total produzido, segundo dados de 2002.
A pesquisa mostra que houve aumento de reutilização dos cinco tipos de material incluídos na análise do IBGE - latas de alumínio, de aço, embalagens PET, papel e vidro. A proporção de papel reciclado, por exemplo, passou de 38,8%, em 1993, para 43 9%, em 2002.
A relatório destaca que a reciclagem reduz o uso de materiais e de energia, promove o emprego e a renda e "subsidia estratégias de conscientização da população para o tema ambiental e a promoção do uso eficiente dos recursos".
Há uma estimativa de que uso de material reciclado exige gasto de apenas 5% da energia necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio pelo processo primário.

Coleta

Das 228 mil 413 toneladas de lixo coletadas diariamente no Brasil, segundo dados de 2000, apenas pouco mais de 4 mil, ou seja, 1,9% do total, passam por uma seleção antes de chegar ao destino final.
O serviço existe em apenas 8,2% dos municípios brasileiros e está concentrado nas regiões Sul e Sudeste.
São Paulo, com 82 municípios que dispõem do serviço, é, proporcionalmente, o quinto Estado do País no ranking de coleta seletiva.
O Rio Grande do Sul lidera, com 138, ou seja, 29,6% do total de municípios.
Já a Paraíba tem só um município que faz coleta seletiva, fazendo com que apenas 0,1% do lixo coletado passe por um processo de seleção.

Postagem: Anaires da Silva Santos
Grupo 4

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Biocombustíveis x Alimentos – O lado positivo

O segundo passo para uma resposta a este questionamento é o da compreensão da relação entre a formação de preço dos alimentos ao consumidor e a produção de biocombustíveis, do ponto de vista da realidade brasileira e mundial.

1. Os biocombustíveis têm alguma coisa a ver com os alimentos que compramos?

Enquanto no Brasil o álcool é feito a partir de apenas dois terços da área de cana-de-açúcar plantada, nos EUA o bioetanol é feito basicamente de milho, apesar do balanço energético muito menor desta cultura na produção de biocombustíveis em relação à cana (1:1,4 do milho; 1:8,5 da cana).

No caso do biodiesel, apesar de estarmos produzindo basicamente a partir da soja, temos feito investimentos em pesquisas de culturas que em nada, ou em muito pouco, se relacionam com a alimentação humana como a mamona, macaúba, palma (dendê), algodão (caroço), Pinhão manso dentre outras.

2. Aumento da demanda

Pela esta mesma lei do capitalismo, os preços podem subir tanto para um mercado quanto para o outro. Se houver mais demanda de um lado, haverá uma elevação no preço do outro, até o equilíbrio do mercado.

3. Diminuição na produção de alimentos

Esta euforia inicial dos agricultores brasileiros de substituição de culturas tradicionais pelas utilizadas na produção de biodiesel e etanol, é muito natural. O resultado imediato é a elevação dos preços dos alimentos, mas, a longo prazo, a tendência natural do mercado é o equilíbrio destes preços em patamares bem mais realísticos que os deste inicio.

4. Aumento indireto de preços dos alimentos

A tendência da tecnologia de produção de bicombustíveis é o de utilização dos subprodutos resultantes do processo para a alimentação animal, fertilizantes químicos e geração de energia. Ou seja, mesmo indiretamente aumentando o preço destes alimentos, ainda indiretamente, ele também tende a diminuir o seu preço inclusive pela implementação de alguns novos subprodutos.

5. Exclusão social

No Brasil esta realidade esta sendo combatida pela implementação de uma política de incentivo ao pequeno agricultor que poderia resolver parte do problema.

6. Aumento do efeito estufa

No Brasil, o uso de derivados de combustíveis fosseis vem sendo substituído por etanol, muitas vezes mais limpo, segundo o mesmo estudo, a produção brasileira do etanol de cana foi considerada menos poluente do que o petróleo, gerando de 50 a 90% a menos dos gases do efeito estufa que seriam emitidos pela gasolina. Isso tudo sem levar em conta os benefícios do uso dos subprodutos dos biocombustíveis (o bagaço da cana, por exemplo) para produzir o próprio biocombustível e gerar energia eletrica.

7. Desmatamento de florestas

O crescimento no percentual de desmatamento da Amazônia, que há cinco anos seguia tendência de diminuição, nada tem a ver com o aumento da área plantada de cana-de-açúcar. A área de cana-de-açucar brasileira tem crescido principalmente sobre terras degradadas, antes ocupadas pela bovinicultura.

Devemos ressaltar, ainda que as áreas ocupadas com gado, hoje, no Brasil perfazem um total de próximo de 220 milhões de hectares com um rebanho de aproximadamente 200 milhões de cabeças, dando uma ocupação (densidade) de 0,9 cabeças/ha de media nacional, o que é muito baixa. Porém, em São Paulo, já ultrapassa 1,2 cabeça/ha. Se esta media nacional passar para 1,4 cabeça/ha, por exemplo, haveria uma liberação de mais de 40 milhões de ha de pastagens, ou seja, 8 vezes a área atual ocupada com cana para álcool.

8. Insuficiência de recursos hídricos

Atualmente a quantidade de água utilizada em todo o mundo na produção de alimentos é da ordem de 7 mil metros cúbicos, de acordo com o Instituto Internacional da Água de Estocolmo (SIWI). A estimativa é que, até o ano 2050, este consumo praticamente dobre. Nas palavras de Jan Lundqvist, diretor do conselhor da SIWI, "as projeções indicam que a água necessária para produzir biocombustíveis crescerá na mesma proporção que a demanda de água por alimentos, o que representaria a necessidade de 20 a 30 milhões de quilômetros cúbicos em 2050. E isto não é possível".

9. Alternativas mais eficientes

Um estudo britânico publicado na revista Science demonstrou que as florestas podem absorver de duas a nove vezes mais carbono, em um período de 30 anos, do que as emissões evitadas pelo uso de biocombustíveis.

É importante salientar que parte dessas críticas são também um alerta para que parte do processo de produção do biocombustível, por exemplo, possa ser melhorado para evitar os desastres.

Algumas das possíveis melhoras são:
• A escolha de matérias-primas mais produtivas e que exijam menos fertilizantes e menos energia na colheita;
• O uso de terras já desmatadas e não cultivadas para o plantio;
• A diminuição do combustível fóssil no processo de produção e transporte;
• A utilização de pequenos agricultores para a produção de matéria-prima

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

RECICLAGEM DE VIDROS

O mercado para reciclagem
O Brasil produz em média 890 mil toneladas de embalagens de vidro por ano, usando cerca de 45% de matéria-prima reciclada na forma de cacos. Parte deles foi gerado como refugo nas fábricas e parte retornou por meio da coleta.

Os Estados Unidos produziram 10,3 milhões de toneladas em 2000 sendo o segundo material em massa mais reciclado, perdendo apenas para os jornais.

O principal mercado para recipientes de vidros usados é formado pelas vidrarias, que compram o material de sucateiros na forma de cacos ou recebem diretamente de suas campanhas de reciclagem. Além de voltar à produção de embalagens, a sucata pode ser aplicada na composição de asfalto e pavimentação de estradas, construção de sistemas de drenagem contra enchentes, produção de espuma e fibra de vidro, bijuterias e tintas reflexivas.



Quanto é reciclado?
46% das embalagens de vidro são recicladas no Brasil, somando 390 mil ton/ano. Desse total, 40% é oriundo da indústria de envaze, 40% do mercado difuso, 10% do "canal frio" (bares, restaurantes, hotéis etc) e 10 % do refugo da indústria.

Nos EUA, o índice de reciclagem gira em torno de 40%, correspondendo a 2,5 milhões de toneladas. Na Alemanha, o índice de reciclagem em 2001 foi de 87%, correspondendo a 2,6 milhões de toneladas.Índices de reciclagem em outros países: Suíça (92%), Noruega (88%), Finlândia (91%), Bélgica (88%).


Conhecendo o material
As embalagens de vidro são usadas para bebidas, produtos alimentícios, medicamentos, perfumes, cosméticos e outros artigos. Garrafas, potes e frascos superam a metade da produção de vidro do Brasil. Usando em sua formulação areia, calcário, barrilha e feldspato, o vidro é durável, inerte e tem alta taxa de reaproveitamento nas residências.

A metade dos recipientes de vidro fabricados no País é retornável. Além disso, o material é de fácil reciclagem: pode voltar à produção de novas embalagens, substituindo totalmente o produto virgem sem perda de qualidade. A inclusão de caco de vidro no processo normal de fabricação de vidro reduz o gasto com energia e água.

Para cada 10% de caco de vidro na mistura economiza-se 4% da energia necessária para a fusão nos fornos industriais e a redução de 9,5% no consumo de água.



Qual o peso desses resíduos no lixo?
No Brasil, todos os produtos feitos com vidros correspondem em média a 3% dos resíduos urbanos.
E somente as embalagens de vidro correspondem a 1%. Em São Paulo o peso do vidro corresponde a 1,5 % do total do lixo urbano.



Contaminação
Em princípio, os cacos encaminhados para reciclagem não podem conter pedaços de cristais, espelhos, lâmpadas e vidro plano usado nos automóveis e na construção civil. Por terem composição química diferente, esses tipos de vidro causam trincas e defeitos nas embalagens. No entanto, algumas indústrias de vidro já incorporam percentuais de vidro plano na produção.

Os cacos não devem estar misturados com terra, pedras, cerâmicas e louças :
contaminantes que quando fundidos junto com o vidro, geram microparticulas que deixam a embalagem com menor resistencia. Plástico em excesso pode gerar bolhas e alterar a cor da embalagem. Igual problema se verifica quando há contaminação por metais, como as tampas de cerveja e refrigerante: além de bolhas e manchas, que danifica o forno.





Rígidas Especificações do MaterialO vidro deve ser preferencialmente separado por cor para evitar alterações de padrão visual do produto final e agregar valor. Frascos de remédios só podem ser reciclados se coletados separadamente e estiverem descontaminados.

Compostagem
O vidro não é biodegradável e precisa ser separado por processos manuais.

Incineração
O material não é combustível e se funde a 1.500 graus, transformando-se em cinzas. Seu efeito abrasivo pode causar problemas aos fornos e equipamentos de transporte.

Aterro
As embalagens de vidro não são biodegradáveis.


FONTE; http://www.fazfacil.com.br/materiais/vidro_reciclagem.html

POSTADO POR RUI BATISTA - ruyebatista@globo.com

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Biocombustíveis x Alimentos – O lado negativo

Até onde se pode mesmo produzir biocombustíveis sem afetar a produção de alimentos?

O mundo irá mesmo deixar de produzir alimentos para produzir combustível?

A questão é bastante delicada e oportuna no cenário atual de aumento do preço dos alimentos.

O primeiro passo para uma resposta a este questionamento é o da compreensão da relação entre a formação de preço dos alimentos ao consumidor e a produção de biocombustíveis. Vejamos a questão sobre o ponto vista negativo.

1. Os biocombustíveis têm alguma coisa a ver com os alimentos que compramos?

Mais do que poderíamos desejar. No caso do álcool combustível brasileiro, a matéria-prima mais usada para a sua produção é a cana-de-açúcar, a mesma usada na produção de açúcar e seus derivados. O biodiesel utiliza soja, palma (dendê), girassol e amendoim, dentre outras.

2. Aumento da demanda

É verdade que a humanidade está dividindo, hoje, parte de seu alimento com um grande concorrente que é a indústria de biocombustíveis. Pela lei fundamental do capitalismo, o da oferta e procura, como a demanda por produtos que são usados tanto em biocombustíveis como em alimentos em crescimento, os preços, destes, tendem a subir.

3. Diminuição na produção de alimentos

Os agricultores brasileiros, contagiados pela crescente demanda dos biocombustíveis por matéria-prima, têm substituído suas culturas tradicionais pelas utilizadas na produção de biodiesel e etanol. O resultado imediato é a elevação dos preços dos alimentos.

4. Aumento indireto de preços dos alimentos

Boa parte da alimentação dos bovinos, suínos e aves é composta por insumos utilizados na produção de biocombustíveis. Ou seja, poderia ficar mais caro alimentar estes animais. E este aumento nos custo geralmente é repassado aos consumidores - carnes e laticínios podem ficar mais caros.

5. Alguns indicativos do mercado

Ao longo de 2006, o preço internacional do milho (matéria-prima não só da tortilla, mas do etanol nos EUA) subiu 55%. A soja, cuja produção foi reduzida nos EUA para abrir espaço para o milho, teve alta de 13%, segundo o International Food Policy Research Institute (IFPRI).

Na economia brasileira, de 2006 a 2007, alguns alimentos apresentaram elevação dos preços acima do esperado, de acordo com estatísticas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O açúcar refinado, por exemplo, ficou 15,74% mais caro no varejo no período. No período do Pró-álcool, a primeira tentativa de usar etanol nos veículos brasileiros ocorrida nos anos 80, houve muita especulação e os usineiros, às vezes, vendiam para os produtores do etanol e, às vezes, para os produtores de açúcar.

Os especialistas já não ignoram mais a existência de uma correlação entre preços de alimentos e aumento da demanda de biocombustíveis. A constatação veio por meio do informe Perspectivas Agrícolas 2007-2016, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), publicado em setembro de 2007.

De acordo com o relatório, a demanda por biocombustíveis em nível mundial vai duplicar em 10 anos. Do lado da oferta, estima-se que até 2016 a União Européia (UE) irá produzir 21 milhões de toneladas de biocombustíveis, ante aos atuais 10 milhões; os EUA irão dobrar sua produção e o Brasil, por sua vez, irá saltar de 21 para 44 bilhões de litros produzidos anualmente. A China, ainda segundo a OCDE, irá expandir sua produção de etanol em cerca de 3,8 bilhões de litros por ano.

6. Exclusão social

O modelo de produção de biocombustíveis, baseado em grandes propriedades e na geração de sub-empregos, é considerado socialmente excludente.

7. Aumento do efeito estufa

Como o modelo de produção de biocombustiveis usados atualmente ainda se baseiam na utilização dos combustíveis fosseis para o transporte e, no caso americano, até para a produção de etanol, levaram alguns estudos científicos, publicados em outubro de 2007, a apontarem que, se o processo produtivo for considerado na somatória de emissão de gases do efeito estufa, os biocombustíveis chegam a ser 70% mais nocivos do que combustíveis fósseis.

8. Desmatamento de florestas

O aumento da área plantada de cana-de-açúcar poderá pressionar a atual área agropecuária brasileira no sentido da Amazônia e, conseqüentemente, ao desmatamento da floresta.

Um ano após o anúncio do aumento da demanda mundial de biocombustíveis, em 2006, estatísticas apontaram um crescimento no percentual de desmatamento da Amazônia, que há cinco anos seguia tendência de diminuição.

9. Insuficiência de recursos hídricos

Atualmente a quantidade de água utilizada em todo o mundo na produção de alimentos é da ordem de 7 mil metros cúbicos, de acordo com o . A estimativa é que, até o ano 2050, este consumo praticamente dobre. Nas palavras de Jan Lundqvist, diretor do conselhor da SIWI, "as projeções indicam que a água necessária para produzir biocombustíveis crescerá na mesma proporção que a demanda de água por alimentos, o que representaria a necessidade de 20 a 30 milhões de quilômetros cúbicos em 2050. E isto não é possível".

Fonte: How Stuff Works