Desaquecimento na economia derrubou em até 70% o preço de sucatas e materiais recicláveis e reduziu renda de catadores
Da BBC Brasil
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A queda nos preços ocorreu por conta da depressão geral nos valores de muitas commodities e produtos básicos, como o alumínio e o papel.No caso do Brasil, os catadores sofreram principalmente com a redução no preço do papel, que é comprado apenas por algumas poucas empresas de grande porte.“É um problema social muito grave porque atinge diretamente trabalhadores muito desprotegidos e ameaça a existência de cooperativas que fizeram muito para melhorar as condições de catadores de rua e de gente que vivia nos lixões”, diz a diretora de projetos do Instituto de Projetos e Pesquisas Sócio Ambientais (Ipesa), Luciana Lopes.Os membros de cooperativas costumam receber o lixo recolhido na coleta seletiva para separar e vender as diversas categorias de recicláveis. O material circula por um galpão em uma grande esteira e os trabalhadores separam, por exemplo, papel, plástico, colorido, plástico branco, garrafas pet, latas, etc.O lucro conseguido com a venda da sucata é depois rateado entre os cooperados de acordo com a quantidade de horas trabalhada por cada um.CooperYaraNa CooperYara – em Barueri, na Grande São Paulo – a renda média de cada um dos 90 cooperados chegou a cerca de R$ 1.500 por mês – trabalhando 8 horas por dia - em meados de 2008. Mas com o início da crise veio caindo e agora não passa de R$ 600 por mês.“Quando o salário cai, eles vão atrás de um outro emprego, porque têm suas famílias para alimentar. Mas eu sei que as coisas vão se recuperar”, disse.José Maria Gonçalves trabalha numa das prensas da cooperativa preparando os fardos de papel e plástico e conta que antes da crise conseguia levar para casa quase R$ 800 reais só no pagamento do “vale”, o adiantamento quinzenal do salário.“Agora no mês inteiro não chega nem a R$ 400”, diz. “A gente tem esperança de que vai melhorar, mas está demorando muito.”PapelOs diferentes tipos de papel foram os produtos que tiveram as maiores quedas de preço com a crise.O papel misto (misturando diversas cores) caiu de R$ 0,10 o quilo em maio de 2008 para R$ 0,03 em fevereiro deste ano e teve uma ligeira recuperação (R$ 0,05) em maio.“Tem papel sobrando por aí. Pode reparar que mesmo os catadores nas ruas não estão mais muito interessados em papel”, diz Donizette de Oliveira, diretor comercial da CooperYara, que há 35 anos trabalha com a comercialização de sucata.Ele conta que o comércio de papel para reciclagem é dominado por algumas poucas empresas, que têm muito poder de reduzir o preço a qualquer momento.Outro produto com queda expressiva foi o alumínio, cujo preço caiu de R$ 3,00 o quilo em maio de 2008 para R$ 1,20 em fevereiro deste ano e R$ 1,70 em maio.“Foram os catadores de latinha que tornaram o Brasil um dos lideres mundiais na reciclagem do alumínio. Agora este produto já está se tornando bem menos atrativo para os catadores”, diz a ambientalista Luciana Lopes.
Postagem: Aline Ferreira Santos
Grupo 4
Postagem: Aline Ferreira Santos
Grupo 4
A crise recente nos trouxe aspectos para reflexão:
ResponderExcluir1 - a reciclagem de residuos, nao pode ser adotada apenas como mais uma atividade rentavel;
2 - a questao ambiental, nao deve ser considerada apenas mais uma oportunidade de negocios;
3 - as crises que afetam a economia como um todo, acabam produzindo reflexos negativos para o desenvolvimento sustentavel - essa talvez, seja a grande vulnerabilidade a ser superada.
A economia caminh nas mesmas diretrizes há muito tempo, talvez essa seja a razão de projetos de reciclagem, ou proteção ambiental estarem tão à deriva.
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